quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Audiência Pública em EaD

As diretrizes para a Educação a Distância estão sendo discutidas nos dias 22 e 23 de setembro de 2011 no Hotel Rondon - um evento do Conselho Estadual de Educação. O palestrante Domingos Jr explanou com a temática - do rádio a tablet no período da tarde com excelência.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Almas Perfumadas
Tem gente que tem cheiro
de passarinho quando canta.
De sol quando acorda.
De flor quando ri.
Ao lado delas,
a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande,
sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas,
a gente se sente comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce
da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.
De banho de mar
quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe
que os anjos existem e que alguns são invisíveis.Ao lado delas, a gente se sente
chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo.
Sonhando a maior tolice do mundo
com o gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril,
mas parece manhã de Natal
do tempo em que a gente acordava
e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas
que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.Ao lado delas,
a gente não acha que o amor é possível,
a gente tem certeza.
Ao lado delas,
a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos.
Abraçando um filhote de urso panda.
Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas,
saboreamos a delícia do toque suave
que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.
Do brinquedo que a gente não largava.
Do acalanto que o silêncio canta.
De passeio no jardim.Ao lado delas,
a gente percebe que a sensualidade
é um perfume que vem de dentro
e que a atração que realmente nos move
não passa só pelo corpo.
Corre em outras veias.
Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas,
a gente lembra que no instante em que rimos
Deus está conosco , juntinho ao nosso lado.
E a gente ri grande que nem menino arteiro.
Tem gente como você que nem percebe como tem a alma perfumada!
e que esse perfume édom de Deus
Autor: Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 9 de junho de 2009

SEXO

A página em branco
quer ser desvirginada
por minhas canetadas e só aceita movimentos lentos e fortes
como uma S I N F O N I A.

versinhos

Meu amor,
Só amo com a intensidade da alma.
Quero tudo: romance, inteligência, humor, risos, dinheiro, beleza, sexo, amor, paixão...nada mais.
Preciso ser tocada com os olhos, sentida com compreensão e amada com paixão.

CARPE DIEN

Aproveitemos os sabores,
os amores, os odores,
os calores, os licores,
os rumores, os horrores:
As pessoas humanas

quarta-feira, 20 de maio de 2009

SOL

Solicitude,
solidariedade
são palavras iluminadas.
Vamos colorir o mundo de branco,
Sejamos gentis, tenhamos respeito pela voz, pelo discurso...do outro.
Sejamos agentes da harmonia e da tolerância.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Linguagem


LINGUAGEM

A gente falamos do jeito que a gente quer. Ao sabor do som que nos seduz. Falamos de acordo com a herança deixada pelos nossos pais. Permitimo-nos a alguns deslizes de concordância ou alguma pronúncia incorreta, pois estas são parte de nossas conquistas lingüísticas. O vocábulo “poblema” faz parte de minha história, o valor semântico é o mesmo de quem tem problema, contudo, só eu sei o quanto foi bom resolver pelo menos um dos problemas, o lingüístico. Um outro, ilharga, que obedece à norma culta, mas está tão obsoleto que ninguém se atreve a usá-lo. Tenho um carinho enorme pela ilharga, parece-me mais melódico, familiar, aconchegante que o seu sinônimo: beira. Você não concorda?
Luís Fernando Veríssimo ensina-nos que a gramática deve apanhar todos os dias para aprender quem manda, Gigolô das palavras. Concordo inteiramente, devemos utilizar todos os falares para compor nosso discurso, façamos uso da polifonia discursiva de que somos herdeiros. Façamos poesias com a sonoridade da fala dos Brasis que conhecemos e até mesmo dos que só ouvimos falar, é possível, Budapeste quem o diga.
Quem disse que nunca mais poderei utilizar o meu tão saudoso poblema? Claro que posso, para isso devo apenas criar um personagem que ainda esteja na travessia. Tudo me é permitido. E mais: tenho um laboratório vivo, em cada esquina existem falares singulares, livres do jargão certo e errado; tenho a vivência desta fala marginalizada, e que se sente impotente diante de uma senhora que censura a todos os que ousam não utilizar o seu uniforme.
Bom, agora estamos libertos. Resta-nos mostrar quem manda. Para isso, é necessário subjugar a gramática normativa como ensinou o mestre Verríssimo. Como fazê-lo? Alguém conhece um gigolô que não domine a arte de amar? Que não seja sedutor, atraente, sexy? Nem eu. Esta travessia é solitária, dolorosa, lenta, laboriosa: é a travessia do domínio da escrita. A fala coloquial permite pequenos deslizes ou até mesmo os grosseiros. Tudo é permitido, compreendido, relevado; mas a escrita é implacável.
É por saber como é imprescindível este domínio, que luto com a composição da palavra escrita. Luto para que esqueçamos aquela professora de língua materna que nos fazia decorar todas as desinências verbais ou ensinava substantivos, adjetivos, verbos.... como se estivesse ensinando outra língua . sentia-me imbecilizada quando surgiam aquelas frases mecânicas na lousa: João é bonito. Encontre e classifique o substantivo. Eca! Qual a relevância de saber sobre um João que eu nem conheço.
A gramática normativa deve ser consultada sim. Mas não como um fim, deve ser utilizada como instrumento de trabalho, devemos recorrer a ela quando tivermos dúvidas. O mais importante, deixa eu entregar o ouro, é a leitura. Devemos ler de tudo: poesias, contos, revistas, romances... tudo! Não existe leitura difícil, o texto alcança tão somente a capacidade analítica de seu leitor. Quando percebemos que os textos escondem muitos segredos, e só quem tem a chave é capaz de revelá-los, ah, como é excitante participar do jogo.
Ainda recorrendo à metáfora da disputa amorosa, quanto mais complicado o romance, mais irresistível ele se torna. Um bom texto é tão sedutor que passamos horas degustando suas palavras, suas construções, recriando suas imagens, sentindo seus cheiros e percepções. Um tear bem trabalhado pode narrar qualquer trivialidade, qualquer besteira, que consegue ser arte.
Ubaldo Ribeiro escreveu sobre a luxúria em A casa dos budas ditosos, seria uma narrativa tipo Sabrina ou Bianca se não fosse tecida por Ubaldo Ribeiro. É isso aí, leia muito e escreva bastante.